quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Relativismo 9 - Pelo absolutismo moral, a experiência moral.

Em terceiro lugar, existe o argumento da experiência moral. Este é o argumento mais forte e mais simples, creio eu, para o absolutismo moral. Na verdade, ele é tão forte que parece uma encargo forçado e não natural o facto de o tentar configurar em forma de argumento - é mais correcto considerá-lo como um dado primário, ou adquirido. A primeira e fundamental experiência moral é sempre absolutista. Só mais tarde na vida do indivíduo, ou da sociedade, a sua sofisticação sugere o relativismo moral. Cada um de nós lembra-se da primeira experiência da infância do sentir-se moralmente obrigado. De esbarrar contra uma inabalável muralha moral. Esta memória está consagrada nas palavras "deve", "não deve", "certo" e "errado".

Toda e qualquer pessoa tema experiência da obrigação moral.

O absolutismo moral é, claramente, baseado na experiência. Por exemplo, digamos que você prometeu ontem à noite ao seu amigo que iria ajudá-los às 8H00 desta manhã. Vamos supor que ele tem que fazer mudanças na casa antes do meio dia. Todavia, você foi para casa às 03H00 da noite. E quando o despertador toca às 7H00, você está cansadíssimo. Você pode experimentar duas coisas: o desejo de dormir, e a obrigação de se levantar. Os dois são genericamente diferentes. Pode não sentir alguma obrigação de dormir, e nenhum desejo de se levantar. É levado, de certa maneira, pelo seu próprio desejo de dormir, e igualmente levado de uma maneira muito diferente, por aquilo que você acha que deveria fazer. Seus sentimentos aparecem de dentro para fora, por assim dizer, enquanto que a sua consciência é advertida de fora para dentro. Dentro de você reside o desejo de dormir, e isso pode levá-lo à acção externa de desligar o alarme e rastejar de volta para a cama, o errado. Mas, se se levantar para cumprir a sua promessa que fez ao seu amigo é porque você optou por responder a uma coisa de um tipo diferente: a qualidade moral percebida do acto de cumprir sua promessa, ao contrário da qualidade moral percebida do acto de se recusar a cumpri-la. O que você percebe como certo, ou obrigatório – levantar-se da cama – vem de fora, de um acto externo a você, da natureza do próprio acto. Mas o desejo que o seduz nesse momento - voltar a dormir - vem de dentro de você, da sua pessoa, da sua própria natureza. A obrigação moral move o indivíduo como um causa final, um fim em si mesmo, a partir de cima e para frente, por assim dizer. Os seus desejos movem-no como uma fonte, como uma causa eficiente, a partir de baixo, ou para trás, por assim dizer.

A experiência moral fundamental consiste em dados primários, adquiridos. Pode ser negada, mas apenas como algumas filosofias estranhas podem negar a realidade imediatamente percebida pelos nossos sentidos. O relativismo moral é para a experiência moral o que o ensino da Ciência Cristã é para a experiência da dor, doença e morte. Dizem-nos que estas experiências são ilusões que devem ser superadas pela fé. Assim, o absolutismo moral é empírico, enquanto que o relativismo moral não é mais nem menos que um dogma de fé.

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