quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Relativismo 4 - Liberdade

Um quarto argumento é que o relativismo moral, por si só, garante a liberdade, enquanto que o Absolutismo moral ameaça a liberdade. As pessoas muitas vezes perguntam como podem ser verdadeiramente livres se elas não são livres para criar seus próprios valores. Na verdade, a nossa Justiça tem declarado que temos o direito fundamental a definir o significado da nossa existência. Este é o mais fundamental de todos os direitos, se estiver correcto, ou a mais fundamental de todas as loucuras, se estiver errado. Este é a coisa mais sábia ou a mais estúpida que a Justiça alguma vez já tenha declarado.

A resposta mais eficaz a este argumento é, frequentemente, um argumento do tipo "ad hominem" (atacar uma reputada autoridade e não as suas qualificações). Dizer à pessoa que exige o direito de ser livre para criar seus próprios valores que você também exige esse mesmo direito e que o sistema de valores que você escolher é um em que as suas opiniões não têm absolutamente valor nenhum. Ou, um sistema em que você é Deus e que exige, legitimamente, obediência total de todos os outros. Rapidamente essa pessoa protestará em nome da Verdade e da Justiça, mostrando que realmente acredita, em última análise, pelo menos nesses dois valores objectivos. Se não fizer isso, se protestar apenas em nome do seu sistema de valores alternativos que criou, então o seu protesto contra o seu egoísmo e megalomania não é melhor que o seu protesto contra sua justiça e verdade. Consequentemente, esse argumento só pode implodir completamente e esta situação muito dificilmente garantirá a liberdade.

Uma segunda refutação do argumento do relativista da liberdade é que a liberdade não pode criar valores, porque a liberdade já pressupõe valores. De que maneira é que a liberdade pressupõe valores? Bem, primeiramente porque o argumento do relativista em que o relativismo garante liberdade deve assumir que a liberdade é realmente valiosa, assumindo assim, pelo menos, um valor objectivo. Em segundo lugar, se a liberdade é realmente boa, deve estar livre de algo muito mau, assumindo assim um objectivo bom e mau. Em terceiro lugar, o defensor da liberdade quase sempre vai insistir que a liberdade deve ser concedida a todos e não apenas a alguns, pressupondo, portanto, o valor real da igualdade, a regra de ouro.

Mas a mais simples refutação do argumento sobre liberdade é experiência. A experiência ensina-nos que somos livres para criar costumes alternativos, como regras socialmente aceitáveis para a fala, vestuário, refeições ou condução. Mas ela também nos ensina que não estamos, na verdade, livres para criar alternativas morais. Como a traição, ou violação, ou assassinato, como sendo princípios correctos. Ou fazer da caridade ou justiça coisas erradas. Não podemos criar um novo valor moral fundamental mais do que podemos criar uma nova cor primária, ou uma nova aritmética, ou um novo universo. Nunca aconteceu nem nunca acontecerá. E se pudéssemos criar novos valores, não mais seriam valores morais. Apenas seriam regras do jogo inventadas arbitrariamente. A nossa consciência não se sentiria vinculada por eles, ou culpada após a sua transgressão. Se fôssemos livres para criar "Matarás" ou "Não matarás" seríamos igualmente livres para criar "Jogarás futebol" ou " Não jogarás futebol" e, consequentemente, sentir-nos-íamos tão culpados por assassinar como por não jogar futebol.

Na verdade, todos nós nos sentimos ligados a alguns valores morais fundamentais, como a Justiça ou a regra de ouro, por exemplo. Experimentamos a nossa liberdade de escolha para optar em obedecer ou desobedecer-lhes, mas também experimentamos uma falta de liberdade para transformá-los em seus opostos. Não podemos espontaneamente odiar o bem ou amar o mal. Experimente, não conseguirá. Tudo que pode fazer é recusar a ordem moral no seu todo. Você não pode criar outra. Você pode optar por violar, mas você não pode ter a obrigação moral de cometer a violação.

(Adaptado)

Sem comentários:

Enviar um comentário

E conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará

“Todos os homens nascem livres e iguais em direitos ” , trata-se do primeiro artigo da declara çã o universal dos direitos humanos e é a no...