sábado, 30 de setembro de 2017

O cristão nas urnas

Dia 1 de Novembro o povo português é convidado a ir às urnas. Convidado porque não é obrigado. Embora as eleições nete domingo tenham a ver com o poder local, as autarquias, não deixa de ser importante o seu resultado, barómetro para interpretar o oscilar das forças políticas presentes na luta pelo poder nacional.

Os cristãos são convidados a ir às urnas.

Dizendo de outra maneira, a Igreja de Cristo em Portugal é chamada a participar na vida política nacional. Não é legítimo o cristão se abster deste seu dever cívico sob pretexto de espiritualidade, ou de desprezo pelas instituições do poder nacional até porque ele é chamado a orar pelas autoridades do governo e respeitá-las. O crente pode e deve, através do voto secreto, acção proporcionada pelo sistema "menos mau de todos" chamado de democracia, ter uma palavra a dizer no desenrolar da vida política do seu país o que irá, evidentemente, ter repercussões na vida das igrejas locais, nacionais, questões sociais fracturantes, perseveração dos bons usos e costumes, servir de força de bloqueio a ideologias evolucionistas e ateístas cada vez mais presente no nosso quotidiano.

A questão da legitimidade de votar nem se devia colocar. O importante é legitimar em quem se deve votar. Apesar de não se dever utilizar o púlpito para propaganda política, social ou outras, é dever de todo o pregador, pastor ou ancião o sensibilizar a igreja local ao voto pela defesa do bem-estar da igreja, da preservação de uma moral de raízes judaico-cristãs ainda em vigor, embora presente de maneira cada vez mais ténue, da paz do povo de Deus na sociedade. Estes princípios encontram-se seriamente ameaçados pelo pensamento secular ateu, mesmo que rotulado e disfarçado de slogans como "caridade pelos pobres", de "defesa das minorias", ou de "justiça social" comummente utilizados para seduzir o crente mais ingénuo que, das duas uma, ou desconhece essa ideologia política, ou desconhece a teologia. Elas excluem-se mutuamente. Se a igualdade social fosse um mandamento bíblico Salomão teria cortado o bebé em dois. Justiça social é a igualdade de oportunidades e não a igualdade de resultados.

Ontologicamente a Igreja "não é" do mundo, mas temporalmente ela "está" no mundo. Embora a revelação na Palavra de Deus seja a revelação especial aos crentes, a revelação geral (lei moral) é para toda a gente. Existe uma revelação Natural comum a todos os seres humanos. Ela não começou com os cristãos, mas é encontrada em escritos hindus, chineses, gregos, anteriores à época de Cristo. Esta lei Natural, embora obscurecida pelo pecado, não está completamente esquecida e reflecte a imagem de Deus na humanidade e é precisamente esta lei Natural que os movimentos progressistas, ateus e evolucionistas que colocam o Estado secular acima da Igreja dominando-a, Estado este que pretende substituir-se a Deus e cujo secularismo acabará por impor a irreligião, pretendem aniquilar com decretos claramente inspirados nos manifestos Humanistas abrindo assim lugar a uma sociedade dominada pelo Estado através de uma elite, sem Deus, sem outra religião que a do Estado, sem outra lei moral que a humana.

É pela oração e pelo voto, não pela força das armas ou violência, que o crente que não é deste mundo pode aspirar a ter paz neste mundo que não é seu.



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